Em audiência pública nesta terça-feira (5), pesquisadores que desenvolveram e trabalham com a fosfoetanolamina sintética, substância utilizada na “pílula do câncer”, apontaram possíveis falhas na metodologia das avaliações feitas a pedido do governo. Os primeiros testes financiados pelos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Saúde para avaliar a segurança e eficácia da “fosfo” mostraram que o conteúdo das cápsulas não é puro e não tem eficácia comprovada contra células cancerígenas.
O objetivo desses testes iniciais foi verificar a composição do produto e testar a capacidade da substância de inibir tumores em testesin vitro, ou seja, feitos com células dentro do laboratório.
Uma das requerentes da Audiência Pública, a senadora Ana Amélia (PP-RS) questionou Jailson Bittencourt de Andrade,do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, sobre a possível liberação da substância em forma de suplemento. Andrade explicou que essa seria uma tentativa de acelerar um possível uso antes da produção do medicamento.
O pesquisador de São Carlos (SP) Gilberto Chierice, que desenvolveu a fosfoetanolamina sintética na Universidade de São Paulo (USP), disse que a fórmula e o procedimento utilizados nesses testes estavam errados.
– Eu desafiei e continuo desafiando: prove que não funciona. Não vem com historinha de montar dados clínicos. Fizeram uma síntese que não é a nossa – apontou Chierice.
Doutor em biotecnologia, o pesquisador Marcos Vinícius de Almeida, que é um dos detentores da patente da fosfoetanolamina, também questionou a metodologia utilizada.
– Por que começar pelo pior tumor existente e o não mais frequente? O que eu vejo nessa comissão é uma tentativa de achar onde a fosfoetanolamina não funciona e não as evidências de funcionamento – criticou.
Ele contou que toma a substância há mais de uma década e que a mesma nunca apresentou toxidade, mas condenou a liberação da fosfoetanolamina como suplemento alimentar, proposta defendida pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera.
– Suplemento não tem avaliação terapêutica. A fosfoetanolamina vai cair em descrédito. Ela tem que ser estudada clinicamente para sabermos se ela cura e qual a porcentagem e quais os tipos de tumor. Eu particularmente acho que ela não cura todos os tipos de tumor. Não é um composto milagroso – argumentou.
O pesquisador Durvanei Augusto Maria, biomédico do Instituto Butantã, foi outro a apontar inconsistências nos testes financiados pelo governo:
– Todos os experimentos que foram realizados não chegaram na mesma curva de concentração que eu utilizei. Então eu não consigo avaliar se um produto é efetivo ou não, se é seguro ou inseguro – ressaltou.
Fonte: Agência Senado e Assessoria de Imprensa
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