Crianças vítimas de violência, abuso ou mesmo de negligência, desde a tenra idade possuem a capacidade de percepção destas condições estressantes devido a respostas automáticas neuronais ligadas ao instinto de sobrevivência. A manifestação cotidiana destas condições de estresse para as crianças leva a uma liberação muito alta do hormônio cortisol, que destrói neurônios e pode evoluir para uma perda cerebral permanente.
O alerta foi feito pelo ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, em audiência nesta quarta-feira (27) na CPI dos Maus-tratos. Terra ressaltou que uma das conseqüências mais negativas para as crianças abusadas ou negligenciadas é o deficit de empatia que levarão para o resto de suas vidas.
— O cérebro estará sempre desorganizado no que se refere à capacidade de empatia, a capacidade de dar e receber afeto, de se colocar no lugar do outro e sentir o que o outro está sentindo. O molde fica para o resto da vida — finalizou o ministro.
A senadora Ana Amélia (PP-RS) lembrou o caso acontecido recentemente em Porto Alegre, quando uma menina de cinco anos foi estuprada dentro de um supermercado. A criança foi submetida a laudo psiquiátrico que comprovou que sofreu prejuízo em razão do abuso.
O ministro também é médico com especialização em Neurociência do Comportamento, e com base em inúmeros estudos científicos contemporâneos que apresentou aos senadores, falou sobre a importância de se conscientizar a sociedade e de se efetivar políticas públicas voltadas à primeira infância.
— As crianças percebem tudo, ainda mais se a pessoa grita com ela ou agride. Mas mesmo a negligência, deixar de olhar no rosto dela quando ela necessita, já causa um estresse agudo que pode se tornar crônico caso se repita com freqüência. É o que a gente chama de estresse tóxico, que devido ao excesso de cortisol altera seu cérebro. É um fenômeno físico, um dano cerebral que se tornará permanente — alertou.
Parte da palestra do ministro foi baseada em pesquisas conduzidas pelo neurocientista austríaco Eric Kandel, que venceu o prêmio Nobel de Medicina no ano 2000 com seus estudos sobre a formação fisiológica do cérebro durante a primeira infância.
Fonte: Agência Senado e Assessoria de Imprensa
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